Safiras Bicolor, Parti e Multicolor: o que são, quais são as suas diferenças e quanto custam? | Guia detalhado
- Carolina Vivas-Serna
- há 6 dias
- 7 min de leitura
No mundo dos coríndons, existem umas safiras que encapsulam dois ou mais cores numa só gema.
Trata-se das safiras bicolor, parti e multicor:
Uma maravilha da natureza que oferece um espetáculo cromático único, e converte cada pedra numa obra de arte irrepetível.
Queres aprender mais sobre estas gemas excecionais?
Então, continua a ler este guia que elaboramos para ti, e no qual vais descobrir:
1. O que são as safiras bicolor, parti e multicolor, e quais são as suas diferenças?
Os termos "bicolor, parti e multicolor" descrevem características específicas do zoneamento de cor numa safira.
O zoneamento de cor é a distribuição desigual de cor dentro de uma gema, um testemunho do seu crescimento natural.
Vê a seguir em que consiste cada uma destas categorias.
Safira Bicolor
Bicolor é o termo mais amplo e refere-se a qualquer safira que mostre claramente duas cores.
A transição entre as cores pode ser gradual ou abrupta, e as cores podem misturar-se suavemente numa zona intermédia.

Zafiro Parti
É uma categoria específica dentro das safiras bicolores e multicores.
O termo "parti" (derivado do inglês partition) é utilizado para descrever safiras onde as zonas de cor estão claramente separadas, com uma linha de demarcação nítida.
Nestas pedras não há uma mistura gradual: as cores apresentam-se em blocos ou secções definidas.
A safira parti azul e amarela é uma das combinações mais conhecidas deste tipo.
Safira Multicolor
Geralmente, trata-se de safiras com três ou mais tonalidades distintas, como azul, amarelo e verde, ou até toques de violeta.
A seguir, partilhamos contigo uma tabela na qual podes compreender melhor as diferenças entre estes tipos de safiras:
Característica | Safira Bicolor | Safira Parti | Safira Multicolor |
---|---|---|---|
Número de Cores | Duas. | Duas ou mais (tipicamente duas). | Três ou mais. |
Separação das Cores | Pode ser gradual ou nítida. | Estritamente nítida e definida. | Geralmente nítida e definida. |
Exemplo Comum | Uma gema com uma ponta azul que se esbate para um amarelo esverdeado. | Uma gema com uma secção claramente azul e outra claramente amarela. | Uma gema com zonas distintas de azul, amarelo e verde. |
Uso do Termo | Geral e amplo. | Específico, já que denota alta definição nas zonas de cor. | Descreve a presença de múltiplas cores. |
2. Propriedades das safiras bicolor, parti e multicolor
As propriedades fundamentais destas pedras são idênticas às de qualquer outra safira, já que todas são coríndons:
Propriedade | Descrição |
---|---|
Tipo de mineral | Coríndon |
Composição química | A composição base para todas as safiras é óxido de alumínio (Al2O3) |
Dureza (Escala de Mohs) | 9 (ideal para joalharia) |
Densidade | 3.98 a 4.1 g/cm³ |
Brilho | Vítreo (semelhante ao vidro) |
O que lhe dá a cor | Presença e distribuição dos elementos-traço |
Como podes ver, as safiras bicolores, parti e multicores têm uma dureza de 9 na Escala de Mohs, tal como os outros tipos de coríndons.
Isto torna-as excecionalmente duráveis e adequadas para todo o tipo de joalharia, incluindo anéis de uso diário.
A sua densidade mantém-se constante com a de outras safiras, tipicamente num intervalo de 3.98 a 4.1 g/cm³.
O que lhe dá a cor às safiras parti, bicolores e multicores?
A variedade de cores das safiras parti, bicolores e multicores provém da presença e distribuição de elementos-traço dentro da rede cristalina:
Durante a formação do cristal, a disponibilidade desses elementos-traço muda.
Assim, uma maior concentração de ferro pode resultar em tons amarelos e verdes; enquanto a presença de ferro e titânio produz uma cor azul.
Isto quer dizer que uma safira parti azul e amarela se forma num ambiente onde a concentração de ambos os elementos flutua.
3. Como se formam as safiras bicolores, parti e multicores?
As safiras cristalizam a partir de magma rico em alumínio e pobre em silício, ou em rochas metamórficas como o mármore ou o gnaisse, sob altas temperaturas e pressões.
No entanto, o zoneamento da cor é o fenómeno chave na formação das safiras bicolores, parti e multicores:
À medida que o cristal de coríndon cresce, está exposto a um ambiente geoquímico mutável.
As flutuações na temperatura, na pressão e na composição química do fluido ou rocha circundante, ditam quais os elementos-traço que se vão incorporar na estrutura cristalina:
Se durante uma fase de crescimento houver uma alta concentração de ferro e titânio, essa camada do cristal tornar-se-á azul.
Mas se o ambiente mudar e a concentração de ferro aumentar, a nova camada de crescimento poderá ser amarela ou verde.
Quando este processo cria secções de diferentes cores claramente definidas, o resultado é uma safira parti.
Se as transições forem mais lentas ou os elementos se misturarem, forma-se uma safira bicolor com zonas mais difusas.
E se se apresentarem três ou mais cores, obtém-se uma safira multicolor.

4. Onde se encontram as safiras multicolor, parti e bicolor?
Embora as safiras multicores, parti e bicolores se possam encontrar em muitas partes do mundo, certos jazigos são particularmente reconhecidos:
Austrália: Os jazigos em Queensland e Nova Gales do Sul produzem pedras com as combinações clássicas de azul, amarelo e verde, frequentemente em tonalidades intensas e com um zoneamento muito marcado.
Montana, EUA: Os jazigos de Rock Creek e do rio Missouri são célebres pelas suas bonitas safiras fancy. Os exemplares parti e bicolores costumam mostrar uma paleta de cores que vai do azul pálido e do verde-menta até ao amarelo e ao laranja.
Madagáscar: É uma fonte muito importante de safiras de alta qualidade em quase todas as cores. Têm sido encontradas notáveis safiras bicolores, frequentemente com combinações de azul e amarelo, ou azul e rosa.
Sri Lanka (Ceilão): Além das suas safiras azuis, o Sri Lanka também produz safiras bicolores que costumam ter cores muito vivas.
Tanzânia: O vale do rio Umba, na Tanzânia, é conhecido por produzir uma incrível variedade de safiras, incluindo pedras bicolores e safiras com mudança de cor.
5. As safiras parti, bicolor e multicor são raras ou caras?
Deves saber que as safiras parti, bicolores e multicores sim são consideravelmente raras e podem ser bastante caras.
Inclusive, o seu valor pode chegar a ser maior do que o de algumas safiras de uma só cor de qualidade comercial.
Em geral, o valor destas pedras baseia-se em fatores como os seguintes:
Raridade da formação: As condições requeridas para que se forme uma safira de duas ou mais cores são muito específicas.
Individualidade: Quando se trata de safiras bicolores, parti ou multicores, não existem duas peças idênticas; por isso, são muito atrativas para quem procura uma pedra única.
Habilidade na lapidação: Cortar uma safira deste tipo é uma arte; por isso, é importante que procures um serviço de lapidação de gemas confiável.
Relativamente a isto último, o lapidário deve orientar a safira em bruto de maneira que mostre a separação de cores da forma mais conveniente.
Em certas ocasiões, isto pode implicar sacrificar mais peso se o comparares com a lapidação de uma safira de uma só cor, mas esta complexidade pode acrescentar valor à gema final.

Agora, falemos um pouco dos preços.
O preço de uma safira parti, bicolor ou multicolor pode variar enormemente segundo a qualidade da pedra, o fornecedor e, em certas ocasiões, a origem.
Por exemplo, temos encontrado safiras parti australianas ou de Montana de cerca de 1 quilate, limpas à vista e com cores vivas, com preços que oscilam entre 400€ e mais de 2.500€ por quilate.
Também temos visto pedras de mais de 2 quilates e com uma qualidade excecional, com preços que ascendem a mais de 5.000€ por quilate.
As pedras com combinações de cores mais raras, como o azul e o violeta, podem alcançar preços ainda mais elevados.
6. Como saber se uma safira bicolor, parti ou multicolor é de qualidade?
Avaliar a qualidade destas gemas pode requerer a intervenção de um especialista ou de um gemólogo.
Mas a seguir partilhamos contigo um guia com alguns fatores chave que deves considerar:
Fator de Qualidade | Em safiras bicolores, parti e multicores de alta qualidade | Em safiras bicolores, parti e multicores de baixa qualidade |
---|---|---|
Cor | Cores vivas, saturadas e atrativas. A combinação de cores é harmoniosa e desejável (ex. azul intenso e amarelo vibrante). | Cores apagadas, turvas, demasiado escuras ou com tons castanhos/acinzentados. |
Zoneamento | Zonas de cor nítidas, bem definidas e equilibradas, especialmente nas safiras parti. A distribuição é esteticamente agradável. | Zonas de cor mal definidas ou com uma distribuição que parece pouco atrativa. |
Clareza | Limpa à vista (sem inclusões observáveis a olho nu). Alta transparência que permite que a luz ilumine as cores. | Inclusões visíveis que distraem; fraturas ou "sedas" densas que opacificam a pedra e as suas cores. |
Corte | A lapidação está orientada para maximizar a beleza do zoneamento de cor. As facetas estão bem executadas. | Um corte que ignora ou desperdiça o zoneamento de cor. Pode ter "janelas" (zonas mortas) ou ser assimétrico. |
Tratamento | Geralmente, as safiras parti e bicolores não são tratadas termicamente, já que o calor poderia homogeneizar as cores. Um estado não tratado ("unheated") é mais valioso. | O tratamento térmico é menos comum, mas se estiver presente, deve ser declarado. |
7. Dados curiosos acerca das safiras bicolor, parti e multicor
O zoneamento de cor numa safira parti é tão único como uma impressão digital: é uma prova irrefutável da sua origem natural, já que esta complexidade de crescimento não pode ser replicada num laboratório para criar safiras sintéticas idênticas.
Para os lapidários, este tipo de safira é um desafio interessante. Devem decidir entre lapidar a gema para misturar as suas cores e obter um tom uniforme (como um verde-azulado), ou lapidá-la para exibir a separação de tonalidades, o que requer mais habilidade e frequentemente resulta numa pedra mais pequena, mas mais valiosa.
Ao contrário dos diamantes ou das safiras azuis, que têm exemplares famosos e com nome próprio (como o Diamante Hope ou a Safira Logan), não existe uma safira parti, bicolor ou multicolor mundialmente famosa. A fama destas gemas reside na sua individualidade coletiva, onde cada pedra é a estrela da sua própria história.
Durante décadas, o zoneamento de cor foi visto como uma imperfeição. No entanto, nos últimos anos, o desejo por joias únicas e personalizadas catapultou a popularidade das safiras parti, convertendo-as numa opção de vanguarda para anéis de noivado e joalharia de designer.
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